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Como deve agir um mediador ao ouvir de um dos participantes da mediação: “Devo, não nego, mas não tenho como pagar”?
* Pergunta formulada pela mediadora Sandra Eli
Jorge Fernandes: Eu faria uma sessão individual com o devedor para tentar entender as questões objetivas e subjetivas que envolvem a recusa em pagar a dívida.Muitas vezes a questão não é financeira e sim emocional.
Eunice: Eu faria um caucus para elaborar a informação com ambos. Dependendo da conclusão, se o problema é realmente não poder, mas querer pagar, tentaríamos chegar a um desembolso viável.
Se é uma negação emocional, o caminho é outro.Elaine Barrocas: Fico pensando q pode haver formas de pagamento que não necessariamente envolvam dinheiro. Trabalhei numa mediação em q o rapaz era um pedreiro e tinha uma dívida difícil com a ex-esposa. A mediação desandou antes que eu, já no terceiro ou quarto encontro, pudesse fazer um caucus com ele e questioná-lo se via outra possibilidade de saldar seu compromisso.
Ivone Saraiva: Ponto muito interessante. Este é o caminho da Justiça Restaurativa , embora na questão de alimentos ( penso que se tratava uma ação de alimentos atrasados) a legislação é muito clara e firme no sentido do pagamento ( e até do comprometimento de salário ou de penhora de bens -creio que difícil neste caso- já neste tempo de pandemia a prisão deve ser evitada) ou prisão.
Cátia Penner: O mediador é um facilitador do diálogo entre as partes e, como tal, utilizará técnicas necessárias para que se escutem e conversem, juntos e separados, e possam encontrar a melhor forma de lidar com a situação.
Odmir Fernandes: Penso q primeiro, na conduta do mediador, vai pesar se já há título executivo e nega, ou se ainda não há. Se não, primeiro mediar o acordo, mas sempre acolher essa fala ‘não tenho como pagar’, tenta esclarecer a negação, se tem ou não patrimônio, ou houve algo (falta) no negócio. Se tem título e patrimônio, pagará forçadamente; se não tem título e firma o acordo, já que ‘não nega’, a mediação alcança parte da solução.
Pedro Olano: Algumas mediadores falaram já sobre o caucus. Acredito que seja um bom caminho para entender o processo mental/emocional do mediado. Partindo da premissa que os mediados chegam na sessão fechados e/ou amargurados, com ressaca emocional do acorrido, considero importantíssimo tomar tempo com a pessoa que está fechada para permitir que se expresse sem julgamento. À vezes o que precisam é alguém que valide o sentimento delas, ou só ouvir o sofrimento, para poder eles mesmos entrar em aceitação com a realidade e responsabilidade assumida.
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